terça-feira, 19 de agosto de 2008

= * = Política e Educação: Elo Inclusivo = * =




A transmissão de saberes processava-se de uma geração para outra, com a participação das crianças no mundo dos adultos. Já que o filho acompanhava o pai nos trabalhos na lavoura, a filha auxiliava a mãe em trabalhos manuais, como artesanato, entre outros.Porém, quando a escola assa a ser generalizada e obrigatória, constrói-se um espaço para preparar as crianças para o mundo dos adultos, um mundo até então, constante, regido por uma ordem absoluta.

Hoje sabemos que educação acontece a partir da interação permanente com o sistema político, ideológico, sociológico, filosófico, religioso, econômico, etc.

“(...) um professor de história ou de matemática; de ciências ou de estudos sociais, de comunicação e expressão ou literatura brasileira, etc, tem cada um uma contribuição especifica a dar em vista da democratização na sociedade brasileira, do atendimento dos interesses das camadas populares, da transformação estrutural da sociedade. Tal contribuição se consubstancia na instrumentalização, isto é, das ferramentas de caráter histórico, matemático, etc. Que o professor seja capaz de posse de alunos ( Saviane, 1982, p.83)”.


Neste contexto, cabe ao professor criar o senso político em seus alunos, com o objetivo de construir um clima de querer viver em comum, educando as novas gerações para cidadania. Assim, aos professores a sociedade confia-lhes a construção do cidadão e a manutenção
Do espírito esperançoso, que seja alicerce de uma comunidade política.
Os docentes desempenham um papel necessário, pois criam os mecanismos, os de consenso social, que nos faz querer ser membros de uma comunidade.


Leontiev estuda as características do processo de apropriação da cultura pelos indivíduos, produção e reprodução da vida em sociedade. Segundo ele, umas das características desse processo é que se trata de um processo sempre ativo, ou seja, o indivíduo precisa realizar uma atividade em que “reproduza os traços essenciais da cultura acumulada no objeto” ( Leontiev, 1978b, p.268).

A atividade a ser reproduzida pelo individuo que se apropria de um produto da história humana é muitas vezes, a atividade de utilização deste objeto. Este objeto no caso pode ser comparado ao voto. O professor exerce um papel de suma importância neste âmbito, pois pode orientar o aluno sobre a melhor forma de escolher o seu candidato, refletindo sobre ele, sobre seu histórico de feitos, entre outros aspectos fundamentais para o voto consciente!

O professor deve educar os alunos para que sejam cidadão críticos atuantes na sociedade e não meros reprodutores desta, levando-os a refletir sobre seu espaço político e social.

Levando em consideração o âmbito escolar e considerando o papel do professor quanto formador de opiniões, qual medida poderia ser adotada para que haja desde cedo à construção do senso crítico dos discentes!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Um Vôo chamado Educação



“O educador faz “depósitos” de conteúdos que devem ser arquivados pelos educandos. Desta maneira a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. O educador será tanto melhor educador quanto mais conseguir “depositar” nos educandos. Os educandos, por sua vez, serão tanto melhores educados, quanto mais conseguirem arquivar os depósitos feitos. (Freire, 1983:66)”

Esses “depósitos” de conteúdos ensinados pelos educadores só são realmente “arquivados” se tiverem um sentido para os alunos. Para que essa aprendizagem significativa aconteça o professor deve levar seus alunos a conhecer, estimulando-os a aprender. Assim, sempre que possível o docente deve utilizar recursos que chamem a atenção dos seus alunos, desde situações problemas, jogos, dinâmicas, entre outras atividades.

O ambiente educacional, como afirma Rubem Alves, deve “ensinar” os alunos a pensar, a escola deve dar asas, ser aquela que possibilita o aluno a criticar, analisar, relacionar a nova aprendizagem com o cotidiano, com os fatos corriqueiros ao universo do discente. O maior objetivo da educação é “ensinar a pensar” e não dar informações!!! As informações são como peças de xadrez. Quem só tem as peças, não têm nada! O que importa é como é feito o movimento, a dança das peças, das informações.

Muitos professores ao serem indagados sobre algum tema, simplesmente vão direto a resposta, o que inibe o pensamento. Assim como afirma Rubem Alves, o pensamento é como a águia que só alcança vôo nos espaços vazios do desconhecido. Pensar é voar sobre o que não se sabe. Não existe nada de mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas prontas, sem a análise. As escolas não deve ensinar as respostas, mas sim as perguntas, pois a dúvida é importante no processo de aquisição do conhecimento. As respostas nos permitem andar sobre a terrenos firmes, mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar do desconhecido.
“ Nossos dias são preciosos
mas com alegria os vemos passando
no seu lugar encontramos
uma coisa mais preciosa crescendo:
uma planta rara e exótica,
deleite de um coração jardineiro,
uma crianças que estamos ensinando,
um livrinho que estamos escrevendo.”
( Ruckert, concluindo o livro O Jogo das Contas de Vidro de Hermann Hesse )


Este ano estamos tendo a oportunidade de levar a teoria aprendida em sala de aula para a prática em nossas aulas no 1º Segmento do Ensino Fundamental. Uma experiência que nos permite vivenciar tudo aquilo que nos foi ensinado durante os três anos de curso.
Em nossas aulas procuramos sempre levar para a sala elementos que façam da aprendizagem uma situação prazerosa, como dinâmicas, materiais concretos, entre outros. É um momento desafiador para nós, pois temos a oportunidade de mostrar o nosso potencial como educadoras.
As nossas duas primeiras aulas foram dadas no Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora, onde tivemos a colaboração de nossa coordenadora, das professoras e dos
alunos.
É uma excelente oportunidade para nós, que de uma certa forma já somos educadoras iniciarmos nosso vôo, nossa dança das peças, assim como nos ensina Rubem Alves!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Estágio em Escola Pública : Um Desafio e uma Honra



No dia 17 do mês de junho começamos nossos estágios na Escola Municipal Maria Lúcia. Logo, no primeiro dia observamos que não seria algo fácil, pois percebemos as diferenças existentes entre essas duas realidades: escola pública e escola particular. Porém, ambas tem o mesmo objetivo: ENSINAR.

Aos poucos fomos conhecendo e nos integrando à turma, que se mostrou muito receptiva com a nossa presença. Durante todo nosso período na escola procuramos sempre colaborar com a professora, pois a turma apresenta alunos com certas dificuldades na realização das tarefas, com isso nosso apoio foi fundamental para estarem realizando as mesmas.

Tivemos a oportunidade de vivenciar algo enriquecedor para a nossa formação docente: a inclusão social. Como já foi comentado anteriormente, em nossa turma existe uma aluna que apresenta a Síndrome de Down. Neste contexto, observamos e verificamos o quão complexo é essa questão. Geralmente, na prática os professores da rede pública não têm um acompanhamento, um apoio para trabalhar com aquela criança. É difícil para o próprio professor mediar essa situação. A criança portadora de necessidades especiais aprende em um ritmo diferente das demais, assim necessita de um acompanhamento para auxiliar esse processo de ensino. O nosso objetivo não é criticar a inclusão, mas sim colocar em análise que o fato da criança portadora de necessidades especiais estar na sala de aula no ensino regular, não quer dizer que se está praticando a chamada inclusão. Já que, professores sem recursos e preparo acabam não oferecendo uma assistência para que aquela criança consiga progredir.

Como diria Paulo Freire, “Um dos grandes pecados da
escola é desconsiderar tudo com que a criança chega a ela. A escola decreta que antes dela não há nada” ((http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire). Essa citação é bastatnte pertinente ao falarmos de um ensino público, pois apresenta várias realidades em um mesmo contexto escolar. Sendo assim, é fundamental que o professor faça um reconhecimento do que os alunos aprederam antes de ingressar na escola, incluindo os valores ensinados por suas familias. Assim, conhecendo as habilidades, as dificuldades, o contexto social dos alunos, o docente adquire bases para iniciar o seu trabalho.


Não poderíamos deixar de relatar que uma grande parte da população apresenta a seguinte visão da escola pública: uma escola carente, mal estruturada, professores desqualificados e incompetentes, etc.. É válido lembrar que essa idéia é ignorante, pois generaliza e discrimina sem antes conhecer. Nós tivemos a oportunidade de estar em contato com essa realidade, e sem dúvida apresenta falhas. Ao mesmo tempo, verificamos a presença de professores excelentes, alunos aplicados, funcionários engajados. Além disso, não podemos nos esquecer de que a escola pública é a instituição que mais abriga alunos no país. Sendo assim merece incentivo governamental e coragem de seus integrantes para fazer da rede pública um modelo de ensino.